domingo, 11 de março de 2012

Sincronicidade Lunar

Sincronicidade é uma coincidência intelectual, quando tudo parece girar em torno desse assunto.
Pra mim isso acontece com a Lua, não, não vou falar de horóscopo, astrologia, etc, etc.
Sou notívaga, portanto, mais que um prazer, observar a Lua pra mim é um hábito.

Sonata ao luar - Beethoven



Clair de Lune - Claude Debussy




Valsa pra Lua - Vitor Araújo





         Clair de Lune é aquela música que você gosta mas não sabe o nome, quantas vezes nas minhas aulas de ballet já não dancei ao som dessa maravilha sem saber desse nome?

            Paralelo a isso, li a sa ga Crepúsculo, que apesar das críticas e do rótulo de "drama água-com-açúcar  para adolescentes" me agradou, encantou e entreteu diversas vezes, e essa música é um momento especial quando os protagonistas se vêem almas semelhantes.

            Na minha mente surreal, cada obra de arte favorita em comum é um ponto em que as trajetórias dessas almas se encontram, e na saga Crepúsculo isso acontece com Clair de Lune.

            Sonata ao Luar por outro lado, não apareceu na minha vida, fui procurar de curiosa pois li em algum lugar que a próxima música que vou falar, de certa forma foi inspirada nela, que há até um grau de parentesco. Não eu não entendo de piano, são só impressões bem pessoais.

            A Valsa Pra Lua é uma síntese do que aconteceu de melhor na minha vida nos últimos tempos,m desde que mudei de Academia de Ballet a minha vida se transformou completamente, o meu astral. Finalmente aprendi que obrigação, dedicação e responsabilidade não excluem prazer e diversão.

            Nunca vivi com tanta intensidade a dança, e como é surreal dedicar seu tempo a curtir seu corpo fazendo o que você ama, as dificuldades, a superação e a persistência.

            Além disso, essa música foi a escolhida para a coreografia das formandas de 2011, grupo do qual tenho imenso orgulho em pertencer, mesmo porque não esperava mais me formar em uma Academia, nem ser solista.

            Sendo formanda, tive que apresentar uma variação, que nada mais é do que uma apresentação sozinha, interpretando um personagem como foi o meu caso Arlequinade, que era um sonho que eu já tinha desistido, mas que apesar de não ter a técnica necessária foi uma superação, enfrentei meu medo e isso não tem preço.




Arlequinade - Um sonho, um medo, um esforço e a realização.



                Outro sonho que está diretamente ligado a essa música é o de assistir ao Festival de Dança de Joinville, que é o maior do planeta, que eu também achava não ser mais possível. E esse ano com a remontagem da coreografia da Valsa Pra Lua existe essa possibilidade e eu não poderia estar mais feliz.
                O que mais gosto nessa música são as fases, mais pertinente impossível, como ela tem o tom de tristeza por se ter perdido algo, depois as recordações, a saudade, a forma como a saudade e os bons momentos recriam a sensação de presença de quem tornou aquele momento tão especial, o reencontro dessas pessoas com esse momento, o fato de ainda ser possível escrever mais lembranças e mesmo que os caminhos se separem, as memórias permanecerão e mesmo que o ciclo esteja se encerrando sempre poderemos começar outro.
                Atualmente estou lendo "Tudo que é sólido pode derreter" do Rafael Gomes, que apesar de parecer bem juvenil, fala sobre literatura com propriedade e não superficialmente, estou encantada com a leitura. E o ponto em que estou agora fala exatamente sobre sincronicidade, lua e depressão.


      Ismália

Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
                 

                  A depressão é uma doença muito difícil, pois não há limitações físicas a princípio, mas também não parece ter saída, a única certeza que se tem é que para ser feliz você precisaria voltar ao passado e refazer todas as suas escolhas, pois sua vida no rumo que está é medíocre, falha, ridícula e digna de pena.
                  A desesperança, o desespero, a fome sem querer comer, olhar pra coisas que te faziam sorrir e não apenas não se sentir feliz, mas se sentir pequeno por uma coisa a seu ver nesse momento tão estúpido e se sentir vazio.
                 Olhar para sua comida favorita e não querer comer, seu livro favorito e não querer ler, seu filme favorito e não querer assistir, sua música favorita e não querer ouvir.E ao se perguntar, a sua única resposta ser: "Pra quê?", se nada vai te fazer feliz, nada pode te animar e não só nada, como ninguém também. É sentir as feridas da alma expostas e se sentir ridicularizado por elas.
                 Até o ponto que você começa a se desnutrir de falta de vontade de comer, a fraqueza não te deixa mais sair de casa e você vive doente, até o ponto que você não precisa de nada e qualquer coisa que você possa precisar está na sua casa e não se tem mais necessidade de sair, ver o sol, respirar ar puro, a noite vira sua melhor amiga e a solidão a sua sombra.
                 Ao mesmo tempo que não há perspectiva há um desespero, uma ansiedade de que algo aconteça, se você é ansiosa, tem gastrite nervosa, dores excruciantes de estômago e desenvolve na sequencia anorexia nervosa, depressão e começo de síndrome do pânico, sair de casa, conviver com outras pessoas ou querer qualquer coisa torna-se uma utopia ofensiva.
                  Se não passar no vestibular me fez minguante e todos esses problemas me fez nova, também tenho que dizer que a dança me faz crescente esse ano estarei plena para finalmente estar cheia.

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