domingo, 26 de fevereiro de 2012

Controlar Não Dá

“O seu parceiro:
Bate, esmurra, esbofeteia, empurra ou morde você?
Ameaça feri-la ou a seus filhos?
Ameaça ferir amigos ou membros da família?
Tem súbitos acessos de raiva ou fúria?
Comporta-se de maneira superprotetora?
Fica com ciúmes sem motivo?
Não a deixa visitar a sua família ou os seus amigos?
Não a deixa ir aonde você quer, quando quer?
Não a deixa trabalhar ou estudar?
Destrói sua propriedade pessoal ou objetos de valor sentimental?
Não a deixa ter acesso aos bens da família, como contas bancárias, cartões de crédito ou o carro?
Controla todas as finanças e, obriga-a a prstar contas daquilo que você gasta?
Obriga-a a fazer sexo contra sua vontade?
Força-a a participar de atos sexuais que você não aprecia?
Insulta-a ou chama-a por nomes pejorativos?
Usa a intimidação ou a manipulação para controlá-la ou a seus filhos?
Humilha-a diante dos filhos?
Transforma incidantes insignificantes em grandes discussões?
maltrata ou ameaça maltratar animais de estimação?


Se você respondeu sim a uma ou mais das perguntas acima... pode estar sendo vítima de abuso”. 


MILLER, Susan, Miller. Feridas Invisíveis - Abuso não-físico contra mulheres. Summus Editorial, São Paulo. p.21


Li um texto no Quem Mandou Nascer Mulher? com o trecho acima, me assustei.
Também já tinha sofrido vários desses abusos, sabia que já tinha sofrido excessos, mas não sabia que eram tantos.

E por não saber o quanto estava sendo mcoagida, não me senti violada, como uma pessoa que recebe op troco errado e não percebe por não saber fazer contas.
É degradante.


E tenho certeza que todo mundo já sofreu alguma dessas agressões ou já as cometeu.


Já ouvi muita gente dizer, mas não foi isso que Deus deixou, homeme e mulher tem funções específicas, senão a sociedade não funciona.

Mss e a liberdade?
E o direitod e ir e vir?
E o direitode se lutar pelo que se deseja?

Ninguém gosta de ter algo imposto.


Sabe aquele pai que exige que o filho faça faculdade X ou Y?
Ou que proíbe de ouvir determinada música?
Ou que te proíbe de sair, encontrar os amigos?



Então, a vibe é a mesma.



Se a gente reclama de pai e mãe controladores, não vai dar espaço pra namorado manipulador, vai?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Ó Dúvida Cruel

Estou aqui, numa tarde de verão quente e chuvosa
Recebendo uma visita não tão rara da minha vizinha C., que está no colegial.Falando de faculdade, cursos, carreira, eis que ela diz:



-Acho que vou ser médica.


-Legal C., é uma carreira difícil, concorrida, tem que ler muito, estudar mais ainda, ams é um profissão bonita.


-É, mas eu tô em dúvida.


-Hum.
[eu antevendo a desgraça]

-É isso ou pizzaiola.



Pode isso Arnaldo?

É O Fim do Mundo MESMO

Navegando pela net nesse domingo nublado, me deparei com uma imagem num site que eu até gosto o Fail Wars, em tempo de discussão sobre os preconceitos em geral...







Agora me diz, porque nos filmes que tudo dá errado, todas as operações falham, o Presidente é Negro?


Racismo: a gente não vê só por aqui.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Aline E O Mar

Nada de sarcasmo, nem ironia, nem gracinhas estúpidas.

Só uma constatação.

Fui pra praia e parei para observar o mar.


Tento fazer isso pelo menos uma vez no ano, acho que deveria até fazer mais.

O mar não pergunta, não responde.
Não ajuda, não critica.
Tem infinitas tonalidades de azul.
Infinitas histórias.
Infinitos passados.
Infinitos presentes.
Infinitos futuros.
O mar é exatamente isso.
Infinito.
Imutável.
Ninguém cerca o mar.
Ninguém muda o mar.
O mar dá prazer.
Dá comida.
O mar machuca.
Mata.
Rouba quem nos é caro.
Ninguém detém a fúria do mar.
Nada altera o mar.

Por mais que se fale em subir o nível dos oceanos, aquecimento global, o mar nunca sumirá

O mar nunca mudará.

Nem se você mudar de emprego.
Nem se seu cabelo cair.
Ou seus planos derem errado.
Mesmo que você esteja morrendo.
Nem que seja o melhor dia da sua vida.
Nem se você tiver perdido um grande amor.
Nem se você estiver sozinho.
Mesmo que você precise de carinho.
De atenção.
Aconchego.
O mar não muda.
O mar é o mesmo quando se é criança.
Adulto.
Mãe ou Pai.
Avô.
Fiel.
Mentiroso.
Justo.
Criminoso.
Apaixonado.
As pessoas mudam.
As circunstâncias mudam.
As possibilidades se multiplicam.
O mar não.
O mar não muda.
Nada muda o mar.
Mas ver o mar
Muda tudo.





Perante o mar somos todos insignificantes.
Todos os nossos problemas também são.
O mar é igual no dia do nascimento e no dia da morte.
Simples assim.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

E a Fome na África?

Toda bendita vez que um assunto feminista entra em discussão no blog, na rua, em casa, na escola, tem um ser esclarecido que solta: porque você não se preocupa com uma coisa mais importante como a fome na África?

[Respira]

1, 2, 3 ...

[Respira de Novo]

Sempre existe uma alma paciente que explica pela enésima vez que uma causa não exclui a outra, que existem mil motivos para se lutar por um mundo melhor, que se 50% da população do planeta é prejudicada então é uma causa válida, mimimimimi.

Ok, um não teve graça e o outro não convenceu. Como fazer?

Na minha mente distorcida imaginei uma família de pessoas pobre que passam fome na África, qualquer semelhança é mera coincidência.

Mãe solteira, uns cinco filhos pequenos, mais uns dois adolescentes.
A mãe não pode trabalhar fora pois não tem quem cuide dos filhos pequenos.
Os adolescentes já trabalham, tem pouca ou nenhuma formação acadêmica, recebem pouco ou apenas um pouco de comida como remuneração.
As condições de saneamento são precárias, não existem escolas suficientes, assistência médica irrisória ou inexistente.

E o feminismo, o que tem com isso?

Provavelmente a mãe dessa família foi abandonada grávida em alguma gravidez, pois ela não podia ter engravidado novamente, ela não sabe o que é controle de natalidade, não sabe o que é uma pílula anticoncepcional ou uma camisinha.
As crianças pequenas vivem doentes pela falta de saneamento, passam fome, são subnutridas e não tem acompanhamento médico, dificilmente todas sobreviverão à infância.
Os mais velhos se não trabalham, ajudam a mãe com os pequenos, sem acesso a informação não tem como melhorar a qualidade de vida de sua família.
A mãe ou uma família pode ter se prostituído por dinheiro ou comida, ou ainda estuprada pelo simples fato de "estarem ali" e não terem ninguém por elas.
Os meninos dessa família quando crescerem, envolvendo-se com alguma menina, não terão como sustentar a nova família e dificilmente "permitirão" que suas esposas trabalhem fora, pois alguém precisa cuidar das crianças além de todo o preconceito com a mulher trabalhadora. Então ou deixam de contribuir no sustento de sua mãe e irmãos ou abandonam a suposta nova família. Volte ao início do parágrafo.
As meninas dessa família aprenderão a cuidar de crianças, da casa, não terão profissão que não do lar. Se engravidarem estarão presas à mesma estrutura de família.Volte ao início do parágrafo.

Mesmo que os homens não abandonem suas famílias, dificilmente terão como sustentar esposa, filhos e muitas vezes netos.Estão fadados à miséria.

E o que o feminismo tem a ver com isso?

Informação benzinho.

Métodos contraceptivos, creches e escolas para crianças e jovens, consequentemente mulheres no mercado de trabalho, maior renda per capita, melhor qualidade de vida.
Maior escolaridade, melhores empregos, mais médicxs, enfermeirxs, agentes de saúde, engenheirxs, técnicxs, professorxs, mais gente qualificada, mais opção de vida.

E alguém ainda acha que ser feminista não é lutar pelo fim da fome na África?