quinta-feira, 17 de abril de 2014

A História ùnica

https://www.youtube.com/watch?v=EC-bh1YARsc

Essa palestra mexeu comigo. Mostrou o quanto sou ignorante e preconceituosa.
Pois me surpreendi com a cultura e o conhecimento e a habilidade de palestrar de uma mulher negra, nigeriana: Chimamanda Adichie.

Eu me espantei porque ela fez faculdade nos EUA, ela é uma mulher de classe média, ambiciosa, que não tinha noção de como era vista pelo resto do mundo por ser quem é.

Em 40 dias eu estarei na Croácia.
Mas o que eu sei sobre esse país, sua história, sua tradicção, seu povo?
E o que eles acharão de mim?

Mulher brasileira, morena, de pele nem alva nem negra, sem quadris avantajados que ousa ir dançar em terras estrangeiras.

Mas que mal engana no samba, não come feijoada, acha o funk ostentação um desserviço?
Que não acredita, não usa e tem ojeriza ao jeitinho brasileiro?

Que histórias andam contando do Brasil?

Corrupção, manifestações, transfobia, imensa desigualdade social, fanatismo religioso?

Mas eu não faço parte de nada disso, e onde está a história de brasileiros como eu?

Espero representar bem o meu país, apresentar um trabalho sério, dedicação e respeito.

Pois acredito no Brasil além do carnaval e do futebol.


sábado, 12 de abril de 2014

Censura

Parece meio bobo dizer isso, mas esse é o meu blog, meu espaço,  meu lugar pra escrever o que dá na telha.

Sem grandes objetivos, sem pretensões.

Escrevo porque gosto,  porque preciso.

(E lá estou eu explicando minhas ações de novo)

Escrevo pra não explodor, danço pra não explodir.
É meu jeito de lidar com a vida.

Tenho conflitos,  tristezas, alegrias,  raiva, muita raiva,

Raiva do mundo lá fora, do desrespeito.

E escrevo sobre qualquer assunto,  coisas que fico digerindo semanas e meses, mas também escrevo nos 5 minutos.

Ninguém tem a menor obrigação de me ler, ou de querer entender ou se interessar.

Tudo bem.  Eu escrevo para mim mesma.

Mas aqui é meu espaço,  e contanto que eu não ofenda ninguém,  não incite nenhum crime, ninguém tem o direito de falar nada.

Eu pensei em parar de escrever aqui,  e voltar a ter um caderninho particular,  pensei seriamente,  não gosto de críticas ao que escrevo levada pelo momento.

Mas eu me dei conta:
Se eu me sinto agredida, não tenho que perder nada, tenho que fazer a agressão parar. Então,  vou continuar escrevendo,  não vou abrir mão disso.

Não vou me deixar pautar, a Internet é livre, qualquer pessoa que pode me ler, pode ter um espacinho igual a esse.

E quero meu espacinho, tenho direito,  não estamos mais em 64. Será que 50 anos depois do golpe militar ainda temos que ter medo de nos expressar?

Bem, na verdade. ..

Manias de explicações...

Eu gosto de ajudar, gosto de participar,  gosto de estar presente, gosto de apoiar.

Por isso sempre que me pedem algo, eu me esforço pra fazer.

Bom, mas sou humana, falho, muitas vezes tenho que dizer não.  Mas detesto aquela resposta seca sem motivos, sem porquês.

Então vivo me explicando..,

Parece um comportamento culpado, mas é consideração.

Já cheguei ao ponto de ter que dizer: não posso estar em x lugar, longe de casa de manhã,  porque não durmo mais de 4 horas pordia há dias.

Eu deveria dizer sim ou não e pronto.

Outro ponto é que eu só digo não se tenho mais de um motivo.

Por exemplo:

Alguém me pede algo que não quero fazer, mas se eu não tenho um outro compromisso no horário,  não nego. !
Mesmo que eu não goste da pessoa, não tenha obrigação de ajudar, chego a deixar de comer, descansar pra ajudar os outros.

Minhas justificativas não são as melhores,  e na verdade, não precisam ser, aliás nem deviam existir.

Eu tenho o direito de não querer.

De não querer nem explicar.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Yeeeep

Essa que vos fala está contente!

(Não,  mamãe não vai me dar um irmãozinho)

Primeeeeeira boa notícia,  hoje tomará posse a vice-diretorA da EPUSP!!!

Isso mesmo, temos uma mulher com cargo representativo!
Parabéns Professora Liedi!

Segunda boa notícia:

Apesar das eleições do DCE da USP estarem acontecendo com algum clubismo, não aconteceu a terceira guerra mundial, tá mais pro estilo guerra fria. Apesar da linha de ataques com fundo partidário,  as chapas estão se respeitando, e as três chapasmais fortes contam com participação expressiva (pelo menos em números).

Terceira e melhor notícia:

VEM SEMANA SANTA!!!

Sem mais!

Câmbio,  desligo!

;)

domingo, 6 de abril de 2014

FAILED

Tá errado.

Tá tudo errado.

Eu deveria me dedicar mais à faculdade, ao ballet, ao grupo de extensão,  ao kumon, à família,  ao meu ideal, aos amigos, ao namorado, ao blog, às minhas coisas.
Deveria cuidar mais de mim.

Nada nunca está bom, nunca um segundo de paz, nunca uma noite sem preocupações ou sem culpa.

Nunca.
Nunca.

Ando infeliz, mas não quero alardear por aí.

Mas tá difícil,  sabe?

Nunca uma noite bem dormida, nunca um dia sem compromisso,  nunca um dia sem peso na consciência.

Nunca um dia sem preparativos.

Tudo era pra ontem, sempre atrasada, sempre insuficiente,  sempre: "você podia fazer melhor se realmente se esforçasse".

Eu me sinto acabando.

Como uma lixa.

A princípio eficiente,  aí vai gastando, gastando e quando não serve mais, vai pro lixo.

Acho que é a minha hora de ir pro lixo.

Sempre decepciono alguém.

Hoje me decepcionei.

Senti saudade do que não podia.

Senti saudade do: "me fala, onde você quer ir, te levo pra qualquer lugar, só quero te ver sorrir"

E também do: "tô meio bêbado, mas queria falar com você. Você sabe me encontrar"

Tá tudo muito errado.

Frustração,  sempre frustração.

O que está errado?

Porque não funciona?

Eu tenho mais do que sempre sonhei.

Mas me sinto terrivelmente infeliz.

Não tenho vontade de sair, de comer gostosuras, de ver um filme, ler um livro, passear no parque,  tomar aquele frapuccino ou explorar a cidade.

O que deu errado?

Cuidado com o que você deseja.

Eu queria dizer tanta coisa. ..

Queria parar de perder minhas coisas pra começar.
Queria parar de emagrecer sem parar.
Queria parar com os pesadelos, as noites mal dormidas, os tremores e a sensação de desastre iminente.

Queria esquecer tudo, uma hora só.

Um passaporte para um mundo sem culpa.

Talvez seja um copo de cerveja, um remédio,  uma droga ou um acidente.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Entrega pra Poli


Hoje estou super afim de falar da semana mais maluca da minha querida Escola Politécnica : o INTEGRAPOLI !!!

Em sua XXXIII edição,  acontece no início do ano letivo,  antes das primeiras provas para integrar bixos e veteranos.  Consiste em 4 coisas: a caça ao tesouro, as provas da semana, a entrega da lista de tarefas e a festa de encerramento.

É uma competição organizada pela comissão organizadoram doravante ( acho chiquérrima essa palavra) designada CO entre os centros acadêmicos (CAs) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.  Sendo os CAs:

CAM: Centro Acadêmico das Engenharias Mecânica e Mecatrônica
CEN: Centro da Engenharia Naval
CMR: Centro Moraes do Rego ( Engengaria de Minas, Materiais e Metalurgia)
CEC: Centro da Engenharia Civil e Ambiental
CEE: Centro da Engenharia Elétrica
CAEP: Centro Acadêmico da Engenharia de Produção
AEQ: Associação dos Engenheiros Químicos

A disputa é super acirrada, mas não pense que se trata de uma competição convencional, pois algumas das provas mais tradicionais são:

Maratoma: maratona onde um integrante do CA precisa ir em vários lugares e beber as bebidas oferecidas ( algumas tradicionais da poli como amnésia,  meio-pau, betonada, cm-erro...), ganha quem conseguir beber tudo e chegar ao fim da prova sem vomitar.

Teatro

Cabo de Guerra: categorias feminina e masculina

Miss Bixo: onde um bixo se traveste para deleite e escárnio da audiência

Prova do Bandejão: são trazidas do restaurante universitário bandejas bem cheias de comida, a prova consiste em comer duas bandejas absurdamente cheias sem vomitar, vale ruminar, ganha quem termina primeiro,  mas todos que conseguem terminar ganham pontos. Categorias: bixo e veterano

Resistência: a cada 3 minutos beber uma lata de cerveja,  ganha quem beber mais sem vomitar. Categorias: bixo (cerveja quente), bixete, veterano e veterana

Velocidade: beber uma garrafa de 600ml de cerveja, ganha quem terminar primeiro, vomitar desclassifica. Categorias: bixo, bixete, veterano e veterana

Caça: prova tradicionalíssima, onde cada CA recebe um livrinho de pistas e vai atrás,  em todo o campus, é a prova que mais vale pontos e o tesouro é: muita cerveja! As pessoas passam a semana na escola, dormindo pouco, bebendo muito, comendo mal, estudando menos ainda e há quem nem tome banho.

Teatro

Lista: essa parte é a mais trabalhosa, existe uma lista de tarefas a ser cumprida, buscar objetos raros, aparecer na tv, fazer celebridades vestirem a bata do CA, paródias,  clipes, músicas,  passar a semana fantasiado ou a caráter,  fazer flashmob no restaurante universitário,  gravar vídeos em outras unidades da usp ou em outras faculdades.

Existem provas aleatórias como paintball, kart, advinhar nomes de músicas e beber uma tequila a cada acerto, beer pongue entre outras.

Tudo muito legal, muito lindo, mas...

(Sempre tem o mas)

Para diversas coisas a falta de bom senso é afrontante.
Para começar o Miss Bixo, precisa ridicularizar a figura trans* dessa maneira?  Evidente que não!

A CO é composta exclusivamente por homens, então acontecem "provas-surpresa" como a Banheira do Gugu, onde duas prostitutas são contratadas para ficarem de biquíni enquanto um membro do CA tenta recolher sabonetes, apalpando e se aproveitando das contratadas. É uma prova de muito mau gosto e passa dos limites do respeito à figura feminina no ambiente escolar.

Existem provas do tipo "pegar o maior número de pessoas possível no carnaval, filmar e mandar para a CO"...

Existem provas em outras faculdades,  algumas inofensivas como o Super-Homem no Mackenzie:

http://www.youtube.com/watch?v=vN6JbHHug8c

Uma prova proposta pela CO, não tenho certeza de que tenha sido feita assim, mas não duvido, bem maldosa onde oferece-se uma portunidade de estágio,  mas rejeita o candidato e ainda aplica um carimbo escrito MACKBURRO. Péssimo gosto.

Existem vídeos muito bem feitos como:

Call me Maybe:

www.youtube.com/watch?v=Sc36UnFcAmQm

Um que eu acho bem curioso é o que segue, que uma "boa moça", cabelos em coque, óculos,  saia comprida, derruba no metrô a bolsa e dentro dela existem vários vibradores.É bem curiosa a reação das pessoas,  de espanto. Primeiro, existir um estereótipo de "boa moça", também existe a "má moça", acho problemático.  Outro ponto é a surpresa das pessoas em uma moça buscar prazer sozinha. Qual é o problema?  Ou mulher só pode usar o sexo para dar prazer?

www.youtube.com/watch?v=yD1d2UNZ0f0



Repare no cartaz abaixo,  é do IntegraPOLI de 2014, evidentemente protagonizado por homens, e a única menção às mulheres é a prova das Cheerleaders.

Todo ano existe uma prova sensual, protagonizada por bixetes. Se eu tenho algo contra? Mais ou menos.  Ano passado eu era bixete e participei e não me arrependo,  quis fazer, quis me sentir sexy.

Mas gostaria que as mulheres aparecessem mais em outras provas, protagonizassem, não só servir como atrativo sexual.



Mas vamos ao que mais me incomodou:

Alguns itens da lista são "inovadores", por exemplo, no ano passado colocou-se na lista um vídeo de um homem ejaculando no rosto de uma menina,  a intenção claramente era que o vídeo fosse reproduzido, houveram mmanifestações contrárias dentro da cidade universitária,  o item foi retirado da lista e um dos CAs, em uma paródia disse : "vamos fazer todos os itens dessa lista,  as feminista pira!" Em clara resposta à interferência externa no evento. 


http://www.youtube.com/watch?v=yU6Ja0o9aow

Esse fato ocorreu no ano de 2013, em vez de haver uma mudança da postura,  a CO de 2014 liberou a lista de tarefas somente para os presidentes dos CAs, ou seja, você só pode ver a lista se tiver a intenção de participar do evento. E esse ano um dos itens consistia em conseguir colocar um vídeo de pornografia leve em um site do gênero. 

A mensagem na POLI é bem clara: mulheres só para entretenimento masculino, transexualidade como motivo de piada, e o que acontece na Poli fica na Poli.

Mesmo depois da tentativa de estupro no ano passado, nada mudou, a cultura do estupro continua, a única medida tomada foi a emissão de uma nota de repúdio, escrita pelo PoliGen, grupo de discussão de gênero. 


http://poligen.polignu.org/manifesto-contra-cultura-do-estupro


Um lugar que clama por corpos de mulheres nuas e insinuantes mas que não se importa e não se posiciona contra um ataque, ratifica a cultura do estupro.

A mulher na engenharia é uma afronta.
E vamos afrontar diariamente!