quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

(In)visibilidade

Hoje, dia 29/01 é Dia Nacional da Visibilidade Trans.
Não é um tema muito recorrente aqui no blog, mas há uma razão: eu não tenho condições de falar com propriedade da causa trans, eu sou cis, só convivo com pessoas cis, então só conheço a experiência cis, qualquer comentário sobre pessoas trans que eu faça será menos relevante que qualquer relato de uma pessoa trans.
É a segunda vez que participo da blogagem coletiva Primeira Participação: Como você se chama?pois acredito que esse tema precisa ser abordado, descobri esse dia graças às Blogueiras Feministas e desde então me comprometi a colaborar de alguma maneira.
Certa vez ouvi que se um homem quer ajudar o feminismo ele deve fazer do seu espaço privilegiado (por ser homem) um espaço para falar e fazer feminismo. O raciocínio aqui é análogo,  eu respeito o Movimento LGBT, acompanho, leio a respeito e pretendo aqui usar o meu espaço privilegiado por ser uma pessoa cis como espaço para falar da causa trans.

Existe desde maio de 2010 a Lei Federal que obriga o uso do nome social em serviços públicos ou autarquias.

O que mudou nesse ano?
Pela primeira vez o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) passou a disponibilizar a opção do Nome Social, as 95 solicitações foram atendidas e as pessoas trans puderam inclusive utilizar o banheiro com que se identificam durante a prova,  ainda há muita desinformação a respeito,  inclusive institucional,  mas quero salientar o avanço que essa medida representa. 
Aproveito para parabenizar a Maria Clara Araújo,  mulher tran aprovada em primeira chamada para Pedagogia na UFPE.Parabéns primeira lista! 


Dito isso...


Gostaria de reiterar meu apoio à causa e recomendar alguns links de lugares com muito muito, mas muito, muito mais propriedade no assunto:




Um último apelo: não constranja uma pessoa no banheiro, não chame de travesti, não deboche, não humilhe, não defina uma pessoa só pela não conformidade com o gênero ou sexo, não diga que "não é de verdade", porque apesar de tratados como invisíveis, as pessoas trans e seus sofrimentos são reais e totalmente dignos de respeito.





quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Série IV: Éssi-Ví-Iú

"No sistema judiciário criminal, crimes de caráter sexual são considerados especialmente hediondos. Na cidade de Nova Iorque, os dedicados detetives que investigam esses terríveis delitos são membros de um esquadrão de elite, conhecido como a Unidade de Vítimas Especiais. Estas são as histórias deles."



Lei e Ordem: Unidade de Vítimas Especiais, exibida desde 1999 é derivada da série Law & Order, mas com outro recorte. Essa série trata de estupro, abuso sexual, pedofilia, pornografia infantil.Já está na 16ª temporada e continua sendo um grande sucesso da TV estado-unidense.

É extremamente interessante pois mostra duas maneiras da justiça lidar com casos de estupro por exemplo, quando há uma criança envolvida há uma comoção nacional, pressão da mídia, mais recursos são disponibilizados e tudo gira em torno de prender o culpado por violar a inocência, em contrapartida quando trata-se de estupro de uma mulher adulta faltam recursos, as pessoas não colaboram, a mídia não pressiona, a vítima é desacreditada.

O jogo jurídico envolve fazer o júri acreditar que a vítima é mentirosa, imoral e portanto a acusação seria falsa, cria-se uma imagem de bom moço/pai de família do estuprador e faz-se acreditar que um homem tão bom jamais cometeria tamanha atrocidade. A atuação dos advogados e promotores é brilhante, muitas vítimas desistem de denunciar para não serem atacadas na rua, por medo do agressor, para não mancharem a imagem da família/universidade/empresa/cidade.

Outro destaque é a detetive Olívia Benson, protagonista da série que lida com problemas familiares, relacionamentos amorosos, a questão carreira X maternidade, o machismo institucional. Outro ponto bastante interessante é que qualquer descontrole emocional, ataque raivoso dos detetives/policiais homens é tido como normal/compreensível/justo/necessário para a profissão e muitas vezes o homem que o demonstra é tido como verdadeiramente envolvido em seu trabalho, enquanto que qualquer sombra de emoção de uma profissional mulher é motivo para desqualificá-la e desmerecê-la da função.

Se você é uma daquelas pessoas que reagem com "não pode ser verdade...", "isso jamais aconteceria na vida real!", "ela deve estar inventando!", "mas ele não é um monstro/doente/psicopata!" fica o convite para assistir este seriado, as tramas são excepcionalmente bem feitas, a verossimilhança é inacreditável, o enredo é complexo, cheio de cenas de ação, julgamentos emocionantes, só se prepare para viciar!


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Séries III: Pista Fria

Boa madrugada amiguinhos!
Não, não é o Programa da Palmirinha, só mais uma edição da Série de Séries!
Então pegue sua pipoca, bolacha, pão de queijo, sorvete e/ou qualquer coisa que vir pela frente e Come On!


Tenho um fraco, uma queda por séries/livros/filmes policiais, gosto da lógica dedutiva e principalmente daquela sensação aconchegante de "a justiça foi feita", "o bem triunfou sobre o mal", "o crime não compensa" ou qualquer outro clichê do gênero.

A dica de hoje é a série Cold Case, ou Arquivo Morto produzida pela Warner Bros e exibida entre os anos de 2003 e 2010 perfazendo 7 temporadas. É uma série interessante onde um crime é solucionado por episódio e as tramas pessoais dos personagens se desenvolvem ao longo dos episódios.

O diferencial dessa série é que aborda casos esquecidos, casos com mais de 10 anos, abandonados por falta de provas. Geralmente surge uma pista encontrada nos pertences de um parente falecido, arquivos pessoais abandonados, peças que surgem na mídia sem explicação, o arquivo é reaberto e os envolvidos são procurados.

Algo muito interessante é que por se tratar de crimes as vezes muito antigos, muitas das testemunhas estão idosas e deixaram de dar importância a status ou reputação ou temem chegar ao fim da vida com certos arrependimentos e revelam segredos constrangedores, sendo possível levar a cabo (trocadilho de mau gosto) a maioria dos casos.

Diversos temas são abordados e mostram a diferença de valores e mentalidades entre as gerações, como por exemplo não poder dizer na época da investigação que havia traição entre os pais, pertencia à uma banda, ter um relacionamento com alguém de classe social ou etnia diferente, uma virgindade perdida antes do casamento, muito me nome da honra e do prestígio da família.

O caráter da maioria dos crimes é extremamente pessoal e próximo às vítimas, desfaz o estereótipo do desconhecido a noite num beco escuro, expõe a baixeza do ser humano de forma crua, inveja, ira, cobiça, sentimento de possa, não saber ser contrariado. Além é claro da oportunida de acompanhar as linhas escusas de raciocínio dos envolvidos nos crimes.


Um último fator que faz a série menos estereotipada é a diversidade dos personagens, não são todos homens-branco-heteros-cis donos do mundo que sabem resolver tudo sozinhos com sua arma-de-última-geração e nenhum respeito pelas regras, aliás em vários episódios destaca-se o quanto julgamentos precipitados, ações impulsivas e individualistas podem prejudicar a ação policial.

Extremamente interessante.
Recomendo fortemente.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Loucas Por Clichê

Nessa terça-feira dia 13 (só pelo dia já dá pra imaginar a bomba) tive o desprazer de assistir à comédia de nome "Loucas Pra Casar".Detestei, acho que ri de uma piada e curti os últimos 5 minutos.

ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!

Vamos começar pelos pontos positivos: protagonistas mulheres, boa produção, belíssima fotografia, presença de um gay e uma lésbica em papéis de destaque, cenários muito bonitos.
Acabou.
Juro!
A lista de coisas boas acaba aí!


A personagem principal Maria Lúcia, tem 40 anos e seu maior sonho é casar-se com o namorado Samuel com quem trabalha.
Maria Lúcia ou Malu mostra-se como uma mulher "perfeita pra casar": magra, bem-sucedida, organizada.

Primeiro, a meta dela é ser perfeita pra casar, perfeita pra agradar homem, muito, muito clichê.
E "ser bem-sucedida" é ser secretária do marido presidente da empresa, não sócia, não colaboradora, secretária, daquelas que planejam a agenda e tudo. É isso que é ser bem-sucedida, jura?

Desconfiada do marido, ela descobre duas amantes: a fanática religiosa Maria e a dançarina de boate Lúcia, e elas decidem primeiro se estapear, xingar, puxar pelo cabelo e disputar o homem em questão.

SÃO DUAS HORAS DE OFENSAS, AGRESSÕES ENTRE TRÊS MULHERES ADULTAS DISPUTANDO UM HOMEM QUE AS ENGANOU!!!

As principais críticas são quanto à virgindade de uma, à liberdade sexual da outra e à idade supostamente avançada da terceira. E temos um festival de piranha, vadia, vagabunda, etc, etc, etc.
Simplesmente deplorável.

Lúcia tem um amigo gay, extremamente afeminado, puro reforçar de estereótipo.

Malu tem uma melhor amiga lésbica de nome Dolores que tem um envolvimento com uma moça chamada Sulamita que é transexual, o que é motivo de chacota por parte de todos que conhecem a história, como se Dolores tivesse sido "enganada" por Sulamita, pura transfobia.

Duas cenas me incomodaram bastante:

A primeira mostra Malu falando das amigas que casaram, ela vai falando de uma a uma: a mais romântica, a mais safada e ela fala que até a Cibele casou! Só reforça a ideia que mulheres são competitivas, que não existe amizade verdadeira entre mulheres.
Deplorável.

A segunda cena mostra um chá de bebê onde todas as amigas de Malu estão grávidas e todas só sabem falar de bebês, choro, parto normal, etc, etc, o que é extremamente tedioso para Malu, a única não-grávida que fica nervosa e reclama um monte daquela situação. O problema é que no contexto em que é apresentada, Maria Lúcia está apenas despeitada, não que essas conversas sejam enfadonhas (não... Imagina!), é só que Malu está com inveja, porque tudo que uma mulher quer é ser mãe, mais clichê.

Resumindo: puro desperdício de tempo e dinheiro.

Se vc gosta de clichês, mulheres disputando homem, sendo invejosas e competitivas, e de um humor raso e batido, divirta-se, caso contrário faça qualquer outra coisa da sua existência.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Séries II: You Wanna Be a Loser Like Me?!

Escrevi aqui no blog quando me apaixonei por glee, foi a primeira série que acompanhei loucamente, foi no final de 2009. (uau! quanto tempo!)




A sexta temporada desta belezinha está para estrear este mês e provavelmente será a última (Chuif), tem 121 episódios até agora.

Glee é uma série sobre um coral de escola formada pelos excluídos, perdedores, LOSERS, aqueles que começam o dia sendo jogados na lixeira, enfiados no armário, tendo a cabeça colocada na privada, o material derrubado no chão, levando raspadinha no rosto, sendo perseguidos, ofendidos, humilhados e sentindo-se sortudos quando são sumariamente ignorados.

É o mundo dos Losers! Mas quem são? Onde vivem? Como se reproduzem?
 (Sexta no Globo Repórter, oh wait..)
Loser é o diferente, nesse universo colegial, loser é o cadeirante, a oriental gótica, a negra e gorda, a judia ambiciosa, o gay, o professor substituto de Espanhol.

Num primeiro momento parece uma receitinha batida: Colegial, capitã-das-cheerleaders-namora-capitão-do-time-de-futebol-americano, a divisão entre classes, a exclusão dos diferentes, o medo do processo de admissão das universidades, o fracassado coral da escola, o bullying, nada de mais.

Mas a série é excelente e absolutamente diferente de qualquer outra coisa que eu já vi (como se isso fosse grande coisa, mas enfim), a série é um musical onde cada episódio é temático, e a abrangência é absurdamente fantástica, a série vai de AC/DC a Britney Spears, passando por Beyonce, Beatles, Ozzy Ousborne, Madonna, Michael Jackson, Elvis, Jay-Z. Vai de clássicos de musical como O Fantasma da Ópera até Katy Perry, é assustadoramente variado.

Até aqui parece bem interessante, mas calma lá, na minha humilde opinião (humilde, aham, a criatura faz um blog pra que todo mundo possa ver o que ela pensa e vem pagar de humilde, oh céus) é a exposição da hipocrisia e os muitíssimos pontos de vista que a série mostra.

Desenvolva, Aline, Desenvolva.

A treinadora obcecada por perfeição (Normal), a capitã-das-cheerleaders-que-namora-capitão-do-time-de-futebol-americano quer ser a Rainha do Baile de Formatura (Normal), o professor substituto que ajuda os alunos excluídos (Normal). Clichê, clichê e mais clichê.

Mas o que acontece quando a presidente do clube de castidade fica grávida? E quando o gênio-da-turma-de-família-oriental-de-excelência-acadêmica resolve estudar Dança em vez de Medicina? E se a capitã-das-cheerleaders foram uma portadora de Síndrome de Down que não leva desaforo? E se a menina negra e gorda se recusa a emprestar a voz para uma modelo padrão fazer sucesso? E se a menina mais cobiçada da escola for lésbica? E se a loira-linda-e-burra for convidada a integrar a equipe de Matemática do MIT? E se a moça-linda-tímida-e-perfeita for filha da merendeira obesa da escola?

E o meu questionamento favorito: E se uma rapaz cis-hetero se apaixona por uma loira deslumbrante num chat na internet mas descobre que a foto é fake e aquela pessoa de quem eles está tão próximo e provavelmente apaixonado é aquela jovem transexual que todo mundo exclui?

A série escancara o tempo todo como as pessoas e as instituições  são despreparadas para receber o diferente, em qualquer nível de diferença, seja ela étnica, religiosa, sexual, deficiências físicas e intelectuais, diferentes nacionalidades. Fala sobre álcool, sexo, anorexia, bulimia, loucuras que os adolescentes fazem para cumprir expectativas do grupo ou da família.

Glee é olhar o outro mais de perto, é genial.

Segue a trilha sonora dos meus momentos LOSERS:
(Uhuuuuuuuul!)



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Séries I: Era Uma Vez ...


Once Upon a Time




Uma viagem pelos contos de fadas, personagens que não sabem quem são misturados com dramas adultos. Diversas conexões entre as histórias, das mais fantásticas. É uma série envolvente. Diversos vilões, diversos mocinhos, gerações de histórias.

Emma Swan é a filha da Branca de Neve que foi salva num guarda-roupa (fuck you acordo ortográfico) construído por Gepetto para devolver a memória aos seres fantásticos. Fora do mundo mágico, sem memória, supostamente órfã comete vários pequenos delitos e tem um filho, o pequeno Harry, que vive grudado em seu livro de Contos de Fada, quando mãe e filho vão juntos para Storybrooke, Harry começa a fazer associações.

A série com certeza passa no teste de Benchel, em todos os episódios, a heroína principal é mãe solteira, a coadjuvante é sua mãe, as vilãs principais são a madrasta da Branca de Neve (mãe adotiva de Harry). Muitas personagens femininas de diversas naturezas: meigas, frágeis, guerreiras, feiticeiras, mocinhas, vilãs.

Bônus: em várias oportunidades é a princesa quem salva o príncipe e encara aa aventuras. 
Super!


sábado, 3 de janeiro de 2015

Naufrágio



Não, não me diga
Nem sequer me escute
Não precisava ter dito isso
Nem vontade de dizer
Não haveria conversa
Nem que eu quisesse

Nunca houve interesse
Ninguém se interessa
Nunca se interessou
Ninguém se interessaria
Nunca foi interessante
Ninguém se deixou interessar

Nenhum instante
Nada
Nenhum momento
Nada
Nenhum olhar
Nada

Não existe motivo
Nem qualquer esperança
Nunca deveria ter havido
Ninguém vai notar a difernça
Nenhum valor
Nada