"Não julgue um menino pela cara."
Essa semana tive o prazer de ler um livro chamado "Extraordinário" da escritora Raquel Jaramillo Palacio.
Mal consegui dormir enquanto estava lendo.
O tipo da história que todos devíamos ler, para sermos pessoas melhores, enxergar os outros como verdadeiramente iguais.
Em tempos de Tinder e outros aplicativos do estilo prateeleira de pessoas esse livro mostra os pensamentos mais pessoais de um menino que nunca foi aceito pelo mundo, nunca foi visto como um igual.
É a história de um menino de 10 anos, August Pullman que irá começar a frequentar a escola.
O motivo da entrada tardia na escola normal é que August é portador da Síndrome de Treacher-Collins, se submeteu a diversas cirurgias e até essa idade ele estudava em casa com os pais.
Se posso dar um conselho é: leia o livro antes de procurar imagens no Google da síndrome.
Essa condição causa alterações na face, na estrutura do crânio, faz com que o rosto dessas pessoas seja diferente do convencional.
Infelizmente ao ter conhecimento dessa síndrome temos o péssimo hábito de reduzir a pessoa a aquela condição.
E porque o livro é absurdamente fantástico?
POrque é uma ode à gentileza.
Porque conta a história de diferentes pontos de vista: de August e como ele se sente, do que ele se priva; Olivia a irmã mais velha de August que fica em segundo plano e se isola; dos amigos de August na escola, vários deles e como lidam com a diferença.
Aliás Olivia é um exemplo de gentileza, carinho, alguém que protege o irmão, mas também tem conflitos, também não quer ser reduzida à condição do irmão.
Por outro lado é uma história sobre uma criança de 10 anos que brinca, faz lição de casa, briga com os pais, é fã de Star Wars e quer fazer amigos.
Também fala das dificuldades nos detalhes, da evolução da Síndrome, dos medos de coisas que aos outros parecem banais.
É um livro absurdamente leve, divertido, gostoso de ler.
Coisas tão pequenas como tomar um sorvete sobre uma perspectiva única.
Leia o livro, se identifique um milhão de vezes com Auggie e depois veja imagens da Síndrome.
Na verdade somos todos muito parecidos.
E por favor, nunca, nunca, nunca olhe com espanto, grite, aponte, olhe duas vezes.